De repente...temos 30!

O número de anos que vivo neste mundo mudou, entrei definitivamente nos trinta, não há volta a dar...sou uma trintona (como doí dizer isto, meu Deus). Não é bem os trinta que me afecta, é o "e um"...trinta E UM! Isso significa que estou cada vez mais perto dos quarenta, eles estão ali ao fundo da rua a olhar para mim como aquele ar maquiavélico de "já estiveste mais longe".

Passo a vida a ouvir outras trintonas que "não muda nada, é tudo psicológico!", mas depois caem na real e admitem com pesar as mudanças existem e são brutais!

A primeira mudança é o quadradinho das idades nos inquéritos, passamos de 25 a 30 para 30 a 35…

A forma como nos tratam também muda, ainda ontem ao olharem para o meu cartão de cidadão trataram-me por senhora, SENHORA??? Ainda há dias era menina (tenho uma lagrima no canto do olho…)

Passamos de solteiras para solteironas (deve ser para rimas com o trintona, só pode), os arranjinhos começam a fazer parte da nossa vida. " O meu Gervásio tem um amigo mesmo porreiro, óptimo para ti!";

Deixamos de ouvir " Ainda és jovem, vais muito a tempo!" para "Vê lá se te despachas, que daqui a bocado estás seca como um amendoim"

Pensamos " Não desesperes, ele pode estar ao virar de uma esquina"...qual esquina??É que isto de andar a virar esquinas pode levar a uma ideia errada portanto ele que venha em linha recta!

Constamos que se estamos solteiras é tudo culpa do Nicholas Sparks, esse malvado faz-nos acreditar em amores assolapados, beijos debaixo de chuvas torrenciais, homens capazes de tudo e no formato de Ryan Gosling.

Os nossos erros são menos tolerados porque já temos idade para, supostamente, saber o que queremos! Quem é que sabe o que realmente quer?? Há coisas que vamos descobrindo conforme a vida rola…penso eu de que!

Querem que percamos o nosso espírito infantil! Porquê? Se é esse mesmo espírito que nos ajuda seremos mais felizes e a levar as cenas com melhor animo!

O nosso organismo fica misteriosamente menos imune; o nosso sistema auditivo fica menos tolerante (o "bum-tchica-bum-bum-bum" que toca na noite parece que nos entoa no cérebro de uma forma quase que dolorosa e acabamos por preferir ficar num bar com música ambiente na conversa).

Os hábitos alimentares mudam. Os pregos no prato dão lugar a uma triste salada, cada batata frita que comemos instala-se automaticamente no rabo mas mesmo assim o nosso amor por elas não diminui por isso damos por nós nas lojas de roupa íntima na secção dos collants adelgaçantes; passamos do hidratante básico para o hidratante Q10/ anti-celulítico/reafirmante.

Começamos a prestar mais atenção a dicas de beleza, moda, lifestyle e sonhar que ainda vamos muito a tempo de fazer algo de útil pelo mundo e quiça receber um nobel qualquer!

Prometemos a nós mesmas que até ao próximo aniversário vamos estar na nossa melhor forma, fazemos planos de treinos, de caminhadas, inscrevemo-nos nas aulas de ginástica que a Câmara promove (que por acaso até são de borla)...e o ano vai passando e quando damos por ela estamos a um mês de fazer anos com a mesma flacidez.

Temos uma inveja desmedida da Jennifer Lopez.

Tipas mais novas do que nós já ganham Óscares da academia enquanto nós ficamos felicíssimas com uma amostra grátis recebida por correio,

Um dia feliz é aquele em que alguém nos diz que parecemos muito mais novas e que estamos óptimas (mesmo que seja mentira).

Não sei se já referi que temos uma inveja desmedida da Jennifer Lopez.

…e isto são só algumas ideias que eu e as minhas amigas trocamos ou que vou ouvindo aqui e ali!

Obviamente que também temos seus aspectos positivos…:)