Ontem acordei à mesma hora como se fosse
um dia de trabalho, tomei banho ia começar a vestir-me quando a minha mãe
chama-me para a ajudar a pôr umas malas no carro para entregar à minha tia,
quando vi as ditas o meu coração deixou de bombear sangue para o meu
mirrado cérebro, eram 3 e pesavam 20 quilos cada uma (não estou a
brincar)!
Imaginem o cenário: Eu, em jejum completo,
a carregar 3 malas pesadas para burro, a enfia-las na mala do carro! Só cabiam
2, como já tinha o banco de trás ocupado com arranjos de flores e o catano,
tivemos que abrir a 3º mala, esvazia-la um bocado espalhando as coisas pelos
espaços vazios da mala e tentar enfia-la outra vez, depois de muitos murros,
pontapés, golpes de Karaté, pragas e palavrões a filha da mãe lá
entrou...uma hora perdida neste figura triste!
Entrei em casa nem me aguentava das
canetas com a fraqueza, suguei o pequeno-almoço e lá fui arranjar-me! Vesti o
meu vestido a azul-forte, botinzinho preto com salto de 13 centímetros, face
devidamente pintada e digamos que estava podre de boa, o meu espelho até derreteu!
Estava a sair de casa cheia de estilo e tropecei logo num paralelo
mas consegui evitar o despiste. Fui ao cemitério onde está o meu avó pôr um
arranjo, tropecei numa fenda, fui a outro cemitério, tropecei noutro
paralelo.
Segui viagem para o Porto, chego à casa da
minha tia e esta diz-me " Vamos tirar as malas do carro?", respondi:
" Agora? Já viste como estou vestida? Os meus saltos? Não podemos esperar
pelos homens?". Eu nem vos conto as minhas tristes figuras a tentar tirar
as malas do carro, quando dei por mim já estava quase com o rabo ao léu, os
meu tornozelos ficaram moídos de tanto que os torci, transpirava
por tudo quando era poro e para ajudar fiquei presa na garagem o raio da porta
tinha o puxador partido. Eu, sem rede, sem chave nem comando numa garagem
estranha! Por acaso o meu primo deu pela minha falta e veio buscar-me!
Quando entro na casa da minha tia e vejo a
minha figura reflectida no espelho da entrada pensei: "MEU DEUS...quem é esta desengonçada?".
Toda descabelada, a cara numa lastima, rimel...eu não mereço isto, estava tão boa! Ainda tive de
levar o arranjo ao cemitério onde estão os meus avós e não é
que tropecei noutro paralelo! Alguém me segura que eu vou-me a ele,
parto-o todo e faço dele areia! Mas lá me segurei, afinal estava ao lado de uma
igreja, mas o meu pensamento esteve em pecado o tempo todo!
Quando olhei para o relógio eram 11.30!
Resumindo e concluindo: Nem vale a pena
contar como foi a tarde…fui um dia de cocó!